Porque a realidade do subúrbio não tem que ser necessariamente má!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O dia sem palavrões


Os habitantes da zona Norte de Portugal gozam da fama de usarem uma quantidade acrescida de palavrões na sua linguagem corrente, relativamente aos habitantes de outras zonas. Poderíamos questionar-nos se de facto existe uma correspondência entre as opiniões gerais e a realidade. Porém, o estudo estatístico necessário para apurar a verdade seria dispendioso e de utilidade praticamente nula, e por isso não esforçarei ingloriamente a minha imaginação para tais fins.

Não me recordo se terá sido numa noite de insónia, num ano já distante, quando me ocorreu uma ideia para uma nova comemoração: o dia sem palavrões. Admito que só por si, parece um pouco despropositado. Haveria logo alguém a dizer “Ora grande coisa! Um dia sem asneiras.” Pois é. Então e se fosse criado um sistema de apostas, a dinheiro, a géneros ou a serviços, conforme o gosto de cada um, em que ao quebrar a sequência de diálogos sem palavrões, teria de se pagar a alguém que não o tivesse feito. Por exemplo, consideremos que o dia sem palavrões seria comemorado na primeira Quinta-feira de Fevereiro. “Como se fosse um feriado móvel?”. Exacto, nem só a Igreja tem ideias dessas… Noto também uma espantosa falta de celebrações nos dois primeiros meses de cada ano. Mais ninguém se interroga acerca disto? Nas semanas cinzentas e monótonas, nem um dia livre para desanuviar os ânimos…

Mas, continuando, nesse dia de Fevereiro poderia alguém lembrar-se de apostar o seguinte: o primeiro indivíduo que pronunciasse um palavrão teria de tomar um reconfortante duche de água fria! O duche teria de ser completa, e deixar de lavar a cabeça seria tido como batota. Assim, o perdedor iria provavelmente passar o resto do dia com as frases invertidas, ou seja, uma ou duas palavras inseridas no contexto de um extenso conjunto de palavrões. Para o vencedor, seria uma oportunidade de se rir um bocado.

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