Figura Proeminente do Romantismo alemão, Caspar David Friedrich, foi um pintor que atribuiu significados deveras profundos aos mais belos e singelos cenários naturais, absorvendo a beleza e a grandiosidade do sumo criador de uma forma sentimental e carregada de simbolismo. Caspar Friedrich, nasceu em Greifswald,estado de Mecklenburg-Vorpommern,Alemanha, mas viajou para a Dinamarca onde estudou na academia de Copenhaga, acabando por regressar,sendo convidado para integrar a academia de Berlim, mas acabando por retornar alguns anos depois, a Dresden, onde se tornou membro da academia da cidade, aí exercendo actividade de professor de pintura, implementando na Alemanha oitocentista a pintura paisagística romântica.Este magnífico e completo artista, era um seguidor fiel do Romantismo, cujo "Locus amoenus" invade as suas obras de uma forma carregada de simbolismo, sendo associado aos temas católicos, que tão caros eram a este artista.Cristão convicto e crente na ressureição e no poder infinito do criador, Caspar retrata a natureza de uma forma muito especial,afastando-se dos cânones setecentistas que consagravam uma visão turística da mesma, despindo-a de significados, mas aproximando-se da pintura vedutista do século XVIII que foi a sua grande fonte de inspiração, perspectivando a natureza de acordo com o estado anímico do observador, tendo os quadros diversos planos e diversas tonalidades de cor, associados a diferentes estados de espírito, mais carregados, mais duros, ou pelo contrário, mais leves,mais luminosos e radiantes.Ao observarmos diversas obras de Friedrich, verificamos que existem elementos de presença quase constante, dos quais se podem retirar interpretações contextuais , nomeadamente os carvalhos e as igrejas góticas, que estão inevitavelmente associados ao cristianismo,as árvores mortas que estão associadas à morte e ao desânimo, os barcos que simbolizam a transição para o outro mundo, sendo isto bem visível através das duas atmosferas entre as quais os mesmos navegam, uma escura e outra repleta de luminosidade, que é, muito provávelmente o céu, destino de todos os crentes de bem.Para além destes elementos, encontramos ainda figuras a olhar para o horizonte, que simbolizam a esperança na ressureição e numa nova etapa, necessariamente melhor, e o anoitecer a tornar-se amanhecer e o Inverno a tornar-se Primavera como expressões de uma transição espiritual.Afirmam algumas más e desinformadas línguas que Friedrich buscou alguma inspiração nos quadros do britãnico Turner, seu contemporâneo e vísivel concorrente dentro do romantismo.Discordo completamente desta afirmação, pois Turner, embora fosse um exímio gravurista de paisagens contextualizadas sentimentalmente,não observava nem sentia a natureza da mesma forma que Friedrich,não a relacionando com temáticas cristãs, nem jogando com os diversos planos anímicos. Para além de ter uma técnica completamente diferente ,Turner abordava ainda temáticas bastante opostas ,manifestando nas suas obras a paixão pelas forças da natureza e pelas máquinas a vapor, sendo um verdadeiro entusiasta da revolução industrial.Após esta breve divagação, consigo afirmar, com toda a certeza, que Friedrich foi um pintor bastante original,surpreendendo os presentes e os vindouros com a sua excepcional sensibilidade, sendo uma figura incontornável do romantismo na pintura mundial.
Quadros obrigatórios:"Caminhante contemplando um mar de nevoeiro","As idades da vida","A abadia debaixo dos carvalhos" ,"Falésias calcárias de Rügen" e "Árvore solitária."
2 comentários:
Parabéns pelo post!
Acho extremamente interessante este quadro... não só porque contempla a temática do "locus amoenus", mas também porque nos reenvia, simultaneamente, para a esfera do "locus horrendus" através do jogo claro-escuro, vida-morte. Personifica na exactidão a expectativa humana perante a passagem. Concordo na perfeição quando descreves esta pintura como sendo anímica, não encontro palavras que a descrevam melhor!
Bjocas :)
Burn the system!
Belo, o quadro!
Arrasaste na análise!
Este blog promete!!!
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