Dono de uma surpreendente técnica matemática e perfeccionista, e apologista de um sensorialismo máximo, quase sinestésico, Victor Vasarély foi o grande inspirador desse quase desconhecido movimento artístico,de seu nome Op Art.Este termo significa "Optical Art", e baseia-se numa filosofia sensorial, e num profundo entendimento de que a arte deveria afastar-se dos meios convencionais e utilizar media e técnicas modernas, tornando-se, deste modo parte do dia-a-dia numa simplicidade elementar.Vasarély quando iniciou este movimento tinha em mente, somente, criar uma arte que motivasse sensações positivas no espectador, nada de intelectual, mas puramente sensorial,matemático, científico e magnético para o olhar do espectador , fazendo-o percorrer os movimentos, as perspectivas de relevo do quadro em causa, numa deliciosa sinestesia entre o tacto e a visão, conseguindo os olhos quase tocar uma terceira dimensão que não passava, apenas e somente de...uma ilusão óptica!Após ter constatado o impacto da sua obra, este Húngaro começa a manifestar interesse em incluir as criações ópticas no design dos edifícios e dos equipamentos urbanos, cuja monotonia frouxa ele atacava.Na primeira vez que olhei para um quadro de Vasarély, e até mesmo da sua percussora Bridget Riley,que é outra das figuras de proa deste movimento,lembrei -me de uns livros que a minha mãe tinha comprado da Taschen há vários anos atrás sobre imagens em 3D,sendo estes concebidos por computador, o que me deixou ainda mais surpreendido com a obra deste pintor, cuja técnica e rigor matemáticos se aproximam de um quadro projectado por uma máquina .Esta técnica apurada é perfeitamente compreensível atendendo ao historial deste génio, que deu os primeiros passos nesta arte com Sandór Bortnyic, um construtivista russo, que viria a inspirar de forma notória a concepção das obras de Vasarély, tendo este posteriormente obtido uma graduação em Design, o que lhe permitiu aprofundar os seus conhecimentos, facilitando-lhe a realização de modulações em 3D manuais!Visivelmente inspirado pelo frio e robusto construtivismo russo,este artista iniciou as suas obras de uma forma mais elementar, usando apenas o branco e o preto, como se pode visualizar na sua obra "Zebra", deixando-se, posteriormente, render à cor,que usou e abusou de uma forma explosiva,contribuindo para uma sensação de relevo , obtida através das várias graduações cromáticas, sendo este um dos elementos magnetizantes do tal olho do espectador, que assistia, deslumbrado, a uma até então inédita mistura de arte e ciência.
"A melhor forma de sentir uma obra de arte, é vivê-la,em vez de tentar compreendê-la"
Victor Vasarély
3 comentários:
Sempre tive curiosidade em saber onde começou a ideia de criar obras de arte como essas. Cada vez que vejo uma, fico fascinada pela ilusão óptica, pela sensação de movimento e pelas várias maneiras como a figura pode ser interpretada. Graças a este texto fiquei a saber quem foi o grande impulsionador deste género artístico.
Adorei o artigo: muito interessante! Parabéns!
E que belos livros 3D são esses!
Adorei o artigo! É interessante conhecer artistas contemporâneos que se preocupem, exclusivamente, com a experiência dos sentidos. Vivamos a Arte!
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