Porque a realidade do subúrbio não tem que ser necessariamente má!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Mulher e o mercado de trabalho


Conhecer melhor o processo de integração das mulheres no mercado de trabalho, as condições profissionais que passam a estar sujeitas e a forma como conciliam a sua vida no emprego com a sua vida pessoal e familiar são os assuntos que vou abordar nesta notícia.
Resumidamente, o processo de integração das mulheres no mercado de trabalho a nível mundial começou na década de 60 do século passado e coincidiu com a proliferação das indústrias ligeiras e com a falta de mão-de-obra masculina, que estava ocupada nas guerras coloniais e internacionais e estava constantemente a emigrar, não só porque a classe masculina era a que tinha mais capacidade económica como também procuravam constantemente melhores condições para viver.
Como o aumento desse tipo de indústria, aumentou enormemente a oferta de postos de trabalho indiferenciados com baixos níveis salariais e foi a partir desse momento que as mulheres começaram a sua “aventura” no mundo que até então era ocupado exclusivamente por homens.
Em Portugal, o processo de entrada das mulheres no mercado de trabalho começou após o 25 de Abril de 1974, com o desenrolar do processo de terciarização da actividade económica portuguesa e com a entrada massiva de mulheres na Administração Pública resultante, nomeadamente, da expansão dos serviços da Educação e da Saúde. Significa isto que as mulheres passaram abdicar mais do papel de donas de casa e de dedicação, em “full time”, às tarefas domésticas e à educação dos seus filhos, para contribuírem para o rendimento familiar, não apenas através da reposição da força de trabalho, mas também do seu salário. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 1965 as mulheres portuguesas representavam cerca de 21,3 % do total da população activa enquanto que, no 3º trimestre de 2008 esse valor já ascendia aos 47 % contra 53% dos homens. Estes números expressam bem o aumento considerável da presença feminina na vida activa.
Todavia, a inserção de homens e mulheres no mercado da força de trabalho não se faz de forma idêntica. Tendencialmente, as mulheres trabalhadoras são mais confrontadas com situações de discriminação do que os homens, apesar da legislação constitucional portuguesa dizer claramente que “todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”. A discriminação começa no momento da admissão. As mulheres têm maior dificuldade que os homens em encontrar o primeiro emprego, independentemente do seu nível de qualificação. A maternidade e as eventuais faltas por assistência à família assumem-se como as principais razões para a preferência por empregados em desfavor de trabalhadores do sexo feminino além de que, a taxa de absentismo feminina é, para quase todos os motivos, sempre inferior à dos homens. Em consequência, o número de mulheres (mesmo com curso superior) a integrar o mercado de trabalho tem sido mais baixo do que o número de homens admitidos nesse mesmo mercado e isso traduz-se obviamente num desemprego feminino superior ao masculino.
A discriminação perdura para lá do momento da admissão, particularmente através de práticas de discriminação salarial isto porque, apesar de neste momento em Portugal existirem mais mulheres licenciadas do que homens, na maioria dos casos, são estes que ainda ocupam cargos superiores dentro de uma determinada instituição e tomam as decisões mais importantes e de maior responsabilidade. Enquanto as mulheres ocupam cargos médios e inferiores e de menos nível de instrução porque, ainda existe a ideia fortemente tradicionalista de que o homem é o chefe da família e é ele que tem que estar liberto e mais disponível para desafios fora do âmbito familiar e que a mulher tem de cuidar dos filhos e da casa, ser mais discreta e não trabalhar muito no seu emprego para não se desviar do apoio sistemático e constante quem tem que dar á família.
Nos últimos anos, essa mentalidade redutora tem-se alterado a nível nacional sobretudo devido ao forte dinamismo que as diversas instituições de apoio à integração da mulher na vida activa têm tido, ao reconhecimento por parte dos responsáveis políticos e empresários (baseando-se em estudos de psicólogos e sociólogos) que as mulheres têm uma visão diferente, mais humanista e mais cautelosa do que os homens dentro da realidade profissional constituindo um novo desafio claro e inovador para cada organização e empresa e pelo facto de se ter aumentado o investimento em equipamentos sociais de apoio à infância e à terceira idade, libertando a mulher das tarefas domésticas e familiares.
Recentemente, o Parlamento Europeu mostrou uma enorme preocupação com a falta de iniciativa e de medidas concretas, por parte dos Estados Membros da UE, que visam combater o nível da disparidade salarial entre homens e mulheres. Por isso, os eurodeputados criaram uma proposta que visava reforçar a legislação europeia aplicável nesta matéria, mediante a imposição aos empregadores da obrigação de realizar auditorias frequentes sobre os salários que praticam nas suas instituições/empresas. Além disso, os parlamentares solicitaram, a cada um dos países membros da União Europeia e às suas autoridades regionais e locais que aumentem a oferta, a qualidade e a acessibilidade dos serviços de guarda de crianças, de idosos e de outras pessoas dependentes e que garantam a compatibilidade do funcionamento destes serviços com horários de trabalho completos para as mulheres que têm à sua guarda esse tipo de pessoas, que promovam boas práticas de equilíbrio entre a vida profissional, privada e familiar da mulher, que apelem de forma sustentada e concreta a uma maior participação dos homens nas tarefas domésticas e familiares e que adoptem medidas e acções públicas que visem proporcionar e melhorar o acesso das mulheres trabalhadoras a informação sobre os seus direitos e sobre todos os serviços públicos que se encontram à sua disposição.

Tentei, de forma pouca aprofundada mas ao mesmo tempo muito realista, dar-vos a noção que as mulheres ainda têm algumas dificuldades em se integrarem no mercado de trabalho, embora actualmente e felizmente isso já não se nota muito pois as mulheres são hoje mais reconhecidas por terem cursos superiores e por estar provado, que também elas conseguem tomar decisões tão ou até mais credíveis e inteligentes do que os homens.
Além deste texto, apresento-vos uma entrevista de uma psicóloga brasileira que irá explicar as razões aos quais as mulheres conseguem corresponder muito bem a desafios profissionais.
Espero que gostem!!!

1 comentário:

Cláudia Anjos Lopes disse...

Parabéns pelo post! A escolha do tema foi muito oportuna, nesta altura em que cada vez há mais desemprego.

Peço desculpa por não ter escrito o meu post na passada Terça-feira. As circunstâncias não mo permitiram.